Gota é uma doença que ocorre devido a um defeito no metabolismo de formação de ácido úrico. Este passa a ser produzido em maior quantidade e vai se depositando em vários lugares do corpo, como tendões, bursa, dentro das juntas, rins e tecido sob a pele (subcutâneo).
Devido a essa maior concentração, ele se transforma em cristais e desencadeia a crise de gota. Na articulação ela é chamada de artrite gotosa, que dá origem a uma intensa inflamação, de início súbito, geralmente durante a noite. O dedo maior do pé (hallux) fica inchado, vermelho (chama-se "podagra"), e o paciente não consegue andar. Apesar de a crise poder ocorrer em qualquer junta, é mais comum nas dos membros inferiores. Os cristais de ácido úrico podem se acumular nos tecidos sob forma de nódulos, constituindo os "tofos". Eles aparecem principalmente nos dedos, cotovelos, pés e orelha, mas podem ocorrer em qualquer local do corpo. A excreção de ácido úrico pelos rins ocasiona a formação de cálculos renais. Ao serem eliminados eles provocam intensas dores em cólica, com aparecimento de sangue na urina.
Curiosidade: A descamação da pele em mãos e pés popularmente atribuída ao ácido úrico, na realidade se deve a outros fatores, como alergia a suor, produtos químicos, etc. Isso não é portanto um indicativo de gota
Existem duas formas de gota, chamadas primária e secundária. A primária tem herança genética, e ocorre principalmente em homens em torno dos 20 aos 40 anos. O pequeno número de mulheres acometidas pela doença é maior após a menopausa. Acredita-se que as mudanças hormonais que ocorrem nesse período tenham papel importante para esse aumento. O quadro clínico em ambos os sexos é semelhante.
A forma secundária ocorre quando o paciente é portador de uma doença (leucemia, linfoma, anemia falciforme, alcoolismo) que ocasiona aumento na produção do ácido úrico, ou quando diminui a eliminação úrica pelo rim devido a certas drogas (diuréticos, aspirina em baixas doses).
A maneira de evitar as crises agudas tem sofrido modificações no decorrer dos anos. Acredita-se que a alimentação tivesse um papel fundamental no controle da crise. A ingestão de carne em geral, especialmente de porco, o tomate, grãos de lentilha e feijão, seria suficiente para fazer eclodir um ataque de gota. Na realidade, os alimentos provocam variações muito discretas nos níveis de ácido úrico. Elas são ocasionadas principalmente por miúdos de gado ou frango, frutos do mar (marisco, ostra,camarão e enchova) e álcool. Assim, se a pessoa com tendência a ter gota estiver com ácido úrico elevado no sangue e ingerir esses alimentos, poderá surgir uma crise aguda. Entretanto, se estiver sob tratamento e com o nível de ácido úrico abaixo do limite superior da normalidade, poderá alimentar-se normalmente sem riscos de crises. Essa mudança nos conceitos de controle da gota propiciou melhor qualidade de vida dos pacientes. Antes eles eram obrigados a se alimentar apenas de produtos de alto valor calórico, como massas e doces, o que os transformava em obesos. A dieta atual faz com que os gotosos se alimentem basicamente de legumes, verduras e carnes, desde que, evidentemente estejam sob controle permanente.
O alopurinol, medicamento descoberto há muitos anos e que inibe a produção de ácido úrico, veio trazer profundas mudanças no controle dos pacientes com gota e impedir a evolução para gota crônica de graves consequências. Ele é usado mundialmente, por períodos prolongados e com poucos efeitos colaterais. Outros medicamentos podem ser usados, como aqueles que aumentam a excreção renal de ácido úrico, mas deve-se ter um controle adequado para evitar a formação de cálculos renais.
Mito
carne de porco é veneno para gota.
Os chás de folhas e ervas eliminam o ácido úrico pelos rins e desmancham as pedras.
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